sábado, 23 de outubro de 2010

Ciência absolve antigos vilões. Até a cerveja


Matéria publicada em  17/10 - Jornal da Tarde [ capa Revista ]
Marcela Rodrigue Silva

Desprezados pelas pessoas mais disciplinadas em relação à alimentação, alguns alimentos que sempre tiveram fama de vilões começam a ser inocentados. Tudo graças à ciência. É que alguns desses alimentos começam a conquistar o lugar de mocinhos entre a sociedade saudável. Segundo especialistas, todo alimento pode ter seu lado bom. Alguns, inclusive, podem figurar tanto na lista dos vilões quanto na de mocinhos.

“Tudo vai depender da forma como a pessoa se alimenta”, explica Vivian Suem, nutróloga da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). Ou seja, se antes a culpa era da cervejinha ou do cafezinho, agora a responsabilidade é sua. Segundo Vivian, muitas pessoas sentem mal-estar após comer exatamente porque exageraram na quantidade ou na frequência do consumo – e não porque escolheram um prato que não faz bem à saúde. “Alguns alimentos, em excesso, são mais nocivos do que outros. Mas até frutas e legumes podem causar prejuízo à saúde se forem consumidos de forma errada”, alerta.

Veja como tirar o melhor proveito de alimentos outrora condenados:


Sim, até a cervejinha pode ter beneficios! Só não vale acumular o consumo indicado para o fim de semana!



CERVEJA – 350 ml por dia (ou uma latinha) seria a medida ideal para a cervejinha mostrar seus benefícios, segundo um estudo desenvolvido na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e divulgado em fevereiro, pelo Jornal da Unicamp. Com o objetivo de avaliar a quantidade de vitamina na bebida, a tese da engenheira de alimentos Ana Cecília Poloni Rybka revelou que três tipos de cerveja produzidos no país são fortes fontes de vitamina B9, graças à presença dos folatos, compostos equivalentes ao ácido fólico: a pilsen normal, a versão não-alcoólica e a malzbier. Segundo a pesquisa, o folato da cerveja deveria ser visto como uma fonte auxiliar à obtenção de vitamina B no organismo e poderia prevenir doenças cardiovasculares

CHOCOLATE – Pesquisadores da McMaster University, no Canadá, descobriram que quem consome uma porção de chocolate por semana (até 50 gramas, divididos em porções diárias) tem menos riscos de sofrer um derrame. segundo a pesquisa, das quase 45 mil pessoas analisadas, as que comiam chocolate tinham 22% menos probabilidades de ter o problema. Já um estudo publicado pela revista científica Journal of the American College of Cardiology afirma que o consumo de uma xícara de chocolate amargo ou de uma barrinha de 25 gramas pode ajudar diabéticos a prevenir doenças cardíacas.


CAFÉ – Dois artigos científicos, publicados no ano passado, no Journal of Alzheimer’s Disease, afirmam que a cafeína, substância presente no café, pode ser uma alternativa viável para o tratamento do mal de Alzheimer. Para a gerente de nutrição do Hospital do Coração de São Paulo (HCor), Rosana Perim, a bebida não tem nada de vilã. Segundo ela, estudos recentes sugerem que o consumo diário de até seis xícaras de café podem prevenir o surgimento de diabetes tipo 2. A ação dos ácidos clorogênicos e a presença do magnésio e de outros nutrientes também ajudariam a reduzir a absorção de glicose. Outros benefícios do grão? Ele aumenta o estado de alerta, tem efeitos antioxidantes – ajudando na remoção dos radicais livres –, eleva a performance durante o exercício prolongado e previne a depressão

MAIONESE – Segundo Rosana Perim, do HCor, a maionese pode, sim, fazer parte de uma dieta equilibrada e saudável. “É um alimento que possui gorduras importantes, que contêm ômega 3, um aliado no combate ao colesterol ruim”.
A médica alerta que, para saber se o produto não será um vilão na dieta, além de consumi-lo com moderação, é preciso ficar atento ao rótulo. Para Rosana, o que fez a maionese ser absolvida são as novas fórmulas do mercado. “Hoje em dia, graças à composição, esse produto tem maior quantidade da chamada gordura saudável”, explica. Maioneses com azeite, óleo de milho e óleo de soja são mais saudáveis

OVO – A clara do ovo é pura proteína e pode até substituir uma fonte mais associada às calorias e gorduras, como a carne vermelha. No livro Tratamento Ortomolecular para Todos – Do alimento ao Medicamento, lançado no ano passado, o nutrólogo Camillo Marassi Leijoto ressalta que o ovo nutre e sacia. No capítulo em que fala sobre o alimento, Leijoto libera o consumo de um ovo por dia. “A forma cozida é a mais saudável, pois não se associa à gordura”, indica. Para Rosana Perin, do HCor, a clara é fonte de proteína e deve ser ingerida diariamente. Mas ela lembra: uma única gema contém 300 miligramas de colesterol, o que significa todo o limite diário. “É preciso cautela. Não devemos ultrapassar um ovo por dia”, orienta

CARNE VERMELHA – Apesar de ser o principal alvo das críticas de vegetarianos e onívoros, a carne vermelha é essencial para uma dieta equilibrada. Edson Credidio, da Unicamp, explica que a carne apresenta, em sua constituição, todos os aminoácidos essenciais ao corpo humano: é excelente fonte de zinco, ferro e Complexo B, sobretudo o B12. “É um alimento extremamente importante. Deve ser consumida, pelo menos, três vezes por semana”, alerta o médico. “Se não for do gosto ou da possibilidade da pessoa, é preciso substituí-la por outras fontes dessas vitaminas”

 








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